O Construtor de Pontes | Markus Zusak

  • 4/20/2020 05:00:00 PM
  • By Pastel Escritor
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Em 2019 eu ganhei esse livro de aniversário e fiquei encantada pela capa, e quem não se encantaria pela premissa "Quero lhe contar sobre o nosso irmão. Tudo aconteceu com ele. Todos nós mudamos por causa dele."



Mais uma vez Markus Zusak capturou a minha atenção, mas esse não era um livro para o qual eu estava preparada, e precisei de longos meses para digeri-lo. Essa é a história de uma família, sobre a construção, sobre como as coisas se encaixam, depois deixam de fazer sentido... Mas no fundo sabemos que tudo o que aconteceu levou para os acontecimentos que me marcariam de uma forma totalmente nova. 

A família Dumbar teve sua trajetória repleta de tragédias, Michael e Penelope se conheceram e viveram uma história de amor descrita de forma tão cuidadosa e que é muito difícil não se apaixonar pelos dois ao longo da narrativa. Eles tiveram 5 filhos: Matthew, Rory, Henry, Clay e Tommy. Eles sempre foram muito unidos e amáveis uns com os outros.

A história é contada em vários períodos históricos diferentes, o que de certa forma fez com que eu conseguisse postergar a leitura, de forma que a cada parte que se encerrava eu parava para respirar e pensar no que ainda estava por vir. Matthew nos conta a história de sua família, de onde sua mãe (que amava tocar piano) e seu pai (que amava pintar e já havia vivido um grande amor) vieram, mas principalmente a história de Clay, uma das peças mais importantes dessa história.

Nem vou me aprofundar na história de amizade profunda entre Carey (uma jovem muito encantadora e cativante) e Clay, que me fizeram derramar várias lágrimas, e como ela também fez parte dessa história de maneira intrínseca e pura que eu poderia imaginar. 

Uma das coisas que demorou um pouco a fazer sentido para mim foi o nome do livro, até que Michael após ter abandonado os filhos e retorna e faz um pedido como se nada antes tivesse acontecido, ele precisava de auxílio para construir uma ponte (e que maldita ponte!). Antes mesmo que ele conseguisse terminar de se explicar os filhos o colocam para fora de casa, mas deixando seu endereço caso algum deles quisesse embarcar nessa aventura. 

“Querido Clay,
Quando você estiver lendo isto, já teremos conversado… Mas eu só queria dizer que sei que você vai partir muito em breve e que eu vou sentir saudade. Já estou com saudade.
Matthew me contou sobre um lugar remoto e uma ponte que você talvez vá construir. Tento imaginar do que essa ponte será feita, mas no fim das contas acho que isso não fará diferença.
Tenho certeza que uma coisa:
Essa ponte será feita de você
Com amor,
Carey”

Clay acaba se mostrando um desertor deixando seus irmãos para trás indo em busca de seu pai para construir a misteriosa ponte. Por muitos tempo os irmãos se ressentiram dessa decisão, que razão ele iria se o pai os abandonou após a morte da mãe? Ele realmente merecia perdão? Muitas coisas ainda estavam sem explicação.   

“Menos de cinco minutos antes, ele dissera a si mesmo que não era nem filho nem irmão, mas ali, envolto nos últimos fiapos de luz e diante do que parecia a boca de um gigante, toda a sua pretensão em relação a si mesmo desapareceu. Pois como se vai até seu pai sem ser um filho? Como se deixa o próprio lar sem reconhecer de onde se vem? As perguntas o atropelaram rumo à outra margem do rio.”

Eu estaria mentindo se dissesse que não chorei -  muito - com esse livro, ele tem personagens que nos fazem pensar e sofrer junto com eles, por tudo o que passou e toda vez que alguma peça se encaixa. O livro é um pouco denso, o que não quer dizer que ele seja ruim, apenas que precisa que nos entreguemos a ele, a essa família, suas paixões, o que fazem ou deixam de fazer, e o que os motiva. Sinceramente é apaixonante.



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