Êxtase da Transformação | Stefan Zweig

  • 4/19/2020 04:50:00 PM
  • By Pastel Escritor
  • 0 Comments


Êxtase da Transformação, de Stefan Zweig, foi o livro enviado pela TAG Curadoria no mês de Novembro de 2019. Assim como O Olho Mais Azul, foi um daqueles livros que deixei quietinhos na estante, pois não demonstrei interesse inicial neles - é aquela velha história de julgar um livro pela capa, mesmo que, nesse caso, a arte da capa seja incrivelmente linda. O que não me chamou atenção a princípio foi o título, que não me instigou em nada. Juntando o fato de que em novembro eu estava finalizando a montagem de um espetáculo, o penúltimo livro do ano não me causou curiosidade.


Além disso, o início do livro me pareceu arrastado, lento, com descrições excessivas que não me estimulavam a prosseguir a leitura. A personagem principal, Christine, me irritava profundamente com seu conformismo desenfreado. Ela, uma jovem de 26 anos, funcionária do serviço postal, não tinha ambição, nem revolta, felicidade, nada: vivia alienada no seu pequeno vilarejo até uma carta de uma tia rica, residente do exterior, chegar convidando-lhe para passar férias junto a ela.


E o livro continuou me irritando até mais ou menos metade dessa viagem, onde comecei a perceber a crítica encrustada que as palavras do livro continham. A ideia de não pertencimento e não merecimento de pessoas pobres a determinados lugares. O fato de Christine renegar toda sua vida anterior para se encaixar nesse novo ambiente me irritava profundamente - mas no decorrer do livro, foi possível perceber o quanto ela estava certa em não mostrar quem realmente era.


O não contentamento da personagem com a volta à sua vida cotidiana também é um dos fatores que mais irritam o leitor - mas é também o que a torna mais humana. Nos irritamos com Christine porque ela nos mostra exatamente como, muito provavelmente, agiríamos no lugar dela. O livro é um espelho da sociedade, um reflexo daquilo que somos e vivemos. Embora a leitura tenha muito me irritado em diversos aspectos - extensas descrições de cenários, a personalidade de Christine, a futilidade de algumas de suas ações -, pude perceber o quão interessante é sua semelhança com o meio ao qual estamos inseridos em todo o mundo.

You Might Also Like

0 comentários