Bom dia, Verônica | Raphael Montes e Ilana Casoy

  • 10/01/2020 01:40:00 PM
  • By Pastel Escritor
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Sabe aquele livro que você conhece ao acaso, e quando se dá conta já não consegue se desprender da história? Acabei conhecendo "Bom dia, Verônica" por causa de uma amiga, ganhei o livro e participei de uma LC (Leitura Conjunta), e essa foi uma das experiências mais legais que eu já tive nesse universo literário no qual vivo presente. 


Nesse livro temos duas personagens principais, intercalando capítulos e nos trazendo questões muito mais complexas do que eu poderia imaginar. Verônica é atualmente uma policial que trabalha como secretária. Por conta de acontecimentos passados não pode atuar em campo e investigações, um dia em seu trabalho ela se depara com uma mulher - Marta Campos - cometendo suicídio na sua frente após ter seu caso negligenciado. E no dia seguinte após dar uma breve entrevista para a TV recebe uma ligação da nossa segunda protagonista, Janete. Ela diz que seu marido mata mulheres e que precisa de ajuda para sair dessa situação. 

Impressionante como a gente é o que o passado faz da gente. 

Por causa do descaso policial e uma vontade de se provar, Verônica decide investigar o caso das duas mulheres que entraram em sua vida de uma forma trágica, sem se preparar completamente para o que iria enfrentar, indo contra tudo e contra todos. Ela se envolve de uma forma que será muito difícil ela sair viva. 

A forma como o Raphael Montes e a Ilana Casoy escreveram essa história é de tirar o pé do chão, com capítulos curtos e acontecimentos chocantes, trazendo gatilhos de violência, tortura, necrofilia, relacionamento abusivo, abuso de poder e negligencia. Esse livro mexe com muitos sentimentos e nos coloca para pensar sobre várias questões que permeiam nosso dia a dia.

Em pouco mais de 15 minutos, amaldiçoei o Carvana, amaldiçoei o sistema inteiro. Pobre Marta Campos. Como pode tudo ser tão falho? Como pode essa gente encostada, com distintivo, que não quer nada com nada? No Brasil, a policial é tratado feito lixo. Faz vista grossa, se corrompe ou morre. 
 

Nós não temos aqui nenhum super herói, alguém que siga todas as regras e que esteja pronto para abrir mão de todas as coisas e salvar o mundo. Temos personagens bem construídos, que podem gerar simpatia e antipatia de um segundo para o outro, cometendo erros e seguindo em frente. Fazendo o pior que o ser humano pode fazer, se escondendo de si e dos outros.

Até agora não sei se a intenção dos autores foi nos fazer odiar a Verônica ou simpatizar com ela em alguma medida, a personagem que mais mexeu comigo como um todo foi a Janete, e consigo enxerga-la em diversos momentos não muito distante. Em alguns momentos o livro correu - demais - de uma forma que algumas infirmações ou questões poderiam ter sido um pouco mais desenvolvidas, mas para um primeiro contato com esse tipo de literatura e com os autores. Foi uma leitura que me prendeu do início ao fim e que eu recomendaria para quem gosta de se arriscar!


 Hoje (01/10/2020) saiu a adaptação desse livro como série para a Netflix, ainda não assisti mas como é a adaptação de um livro nacional, eu mal posso esperar para ver e me chocar mais uma vez com essa narrativa de tirar o fôlego.

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