Laranja Mecânica | Anthony Burgess

  • 6/15/2020 08:56:00 AM
  • By Pastel Escritor
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Laranja Mecânica é um dos clássicos da literatura, inclusive já teve a sua adaptação para as telonas (que eu ainda não assisti, mas pretendo fazer isso em breve). A sua primeira publicação aconteceu em 1962 e o livro faz parte da tríade distópica de sua época, ao lado de 1984 e Admirável mundo novo.

Essa obra escrita pelo Anthony Burgess  nos apresenta o nosso personagem principal: Alex um anti-herói que logo no início nos impacta com o que viria a ser sua história. 

- Então, o que é que vai ser, hein?


Todos os capítulos se iniciam com essa pergunta, nós temos uma narrativa dividida em 3 grandes partes onde fatos importantes mudam de alguma forma a vida do nosso narrador. E no total temos 21 capítulos que representam a trajetória até a considerada maioridade (em alguns países europeus).

Mas o não eu não pode ter o mau, quer dizer, eles lá do governo e os juízes e as escolas não conseguem permitir o mau, porque não conseguem permitir o eu.

Alex vive em uma sociedade distópica muito violenta e autoritária, no Reino Unido, onde alguns jovens vivem e interagem de uma forma que pode parecer absurda para a maioria das pessoas. Temos apenas a visão de Alex e esse livro tem uma peculiaridade: Alex e seus druguis - Pete, Georgie e Tosko - falam um vocabulário próprio que se chama Nadsat  - e tem um glossário para ele no fim do livro, mas eu decidi mergulhar na história de uma só vez - e por causa dessas palavras e trocadilhos é possível que a leitura seja um pouco complicada para quem decidir traduzir tudo o que estava sendo dito.


Essa é uma história repleta de violência e situações de encontros e desencontros, eu achei que seria difícil simpatizar com o Alex mas a minha opinião estava totalmente equivocada, não posso chegar aqui e dizer que os atos de ultraviolência gratuita justificam os acontecimentos posteriores, entretanto a despersonalização do protagonista é algo doloroso e totalmente fora de medida. Confesso que esse livro para mim foi muito horrorshow e imagino que a depender da época em que ele é lido pode ser absorvido de forma diferente. 

Não estamos preocupados com o motivo, com uma ética superior. Estamos preocupados apenas em reduzir o crime... 

Nós aqui vemos como o condicionamento, através do papel da psiquiatria e a tentativa de mudar o outro sem que esse saiba quais serão as reais consequências pode ser totalmente devastadora para aquele que sofre com ela. Até que ponto é possível decidir pelo outro a forma como age e sente e de que forma os governos e partidos do estado tem o poder de interferir no livre arbítrio do outro?

Eu gostei muito da edição que li com: Aviso ao leitor, Prefácio, Nota sobre a tradução brasileira -  melhor parte, adorei entender todo o processo - e o glossário que de forma completa faz com que essa seja uma leitura muito valiosa e rica. 


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