O Conto da Aia | Margaret Atwood

  • 2/14/2020 10:29:00 PM
  • By Pastel Escritor
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Eu sinceramente não sei como explicar como foi o processo para eu conseguir finalmente terminar de ler esse livro, mas confesso que não foi nada fácil... e não é por ele ser ruim ou algo assim, mas é por ser uma utopia que me atinge de uma maneira profunda.

 Em março de 2019 (meu deus, quase um ano) eu iniciei a leitura, mas como não sabia muito bem do que se tratava a história eu acabei passando outras na frente e deixei ela de lado, no final do ano eu acabei pegando ele outra vez, e saber que seria a primeira leitura de um clube da leitura do qual eu vou começar a fazer parte, me empenhei para conseguir lê-lo. 


Sinopse: O romance distópico O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras mais importantes da premiada escritora canadense, conhecida por seu ativismo político, ambiental e em prol das causas femininas, O conto da aia foi escrito em 1985 e inspirou a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original), produzida pelo canal de streaming Hulu em 2017. As mulheres de Gilead não têm direitos. Elas são divididas em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado. A Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar, depois que uma catástrofe nuclear tornou estéril um grande número de pessoas. E sem dúvida, ainda que vigiada dia e noite e ceifada em seus direitos mais básicos, o destino de uma aia ainda é melhor que o das não-mulheres, como são chamadas aquelas que não podem ter filhos, as homossexuais, viúvas e feministas, condenadas a trabalhos forçados nas colônias, lugares onde o nível de radiação é mortífero. Com esta história assustadora, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente. Vencedor do Arthur C. Clarke Award. 




Não sei se - por ser mulher - a história me afetou de maneira profunda, causando ao mesmo tempo um incômodo extremo que me fazia fechar o livro e parar para respirar e pensar se o que eu tinha lido era aquilo mesmo, a forma como o corpo feminino é tratado e representado, sem o direito de sentir, de ser, a total despersonalização do sujeito me deixou extremamente angustiada por ver uma realidade não muito distante.

"Conto, em vez de escrever, porque não tenho nada com que escrever e, de todo modo, escrever é proibido. Mas se for uma história, mesmo em minha cabeça, devo estar contando-a à alguém. Você não conta uma história somente para si mesma. Sempre existe alguma outra pessoa. Mesmo quando não há ninguém. Uma história é como uma carta." 

 O sofrimento que sentimos na protagonista, Offred, e sua busca para reconquistar e sentir pelo menos um pouco aquilo que lhe foi tirado pelo poder da teocrático na primeira oportunidade que surgiu, me fez pensar o tempo inteiro em como os direitos que lutamos tanto tempo para conquistar podem se perder e deixar de existir em um piscar de olhos.


"Nós ansiávamos pelo futuro. Como foi que aprendemos isso, aquele talento pela insaciabilidade?"

O livro tem uma adaptação para uma série de TV nomeada de The Handmaid's Tale, no Brasil tem no aplicativo da Google Play, eu ainda não tive a oportunidade de ver, mas já posso imaginar que não conseguirei vê-la de uma só vez. 

"Somos úteros de duas pernas, isso é tudo: receptáculos sagrados, cálices ambulantes."

É interessante pensar em como a sociedade passou a funcionar, logo que se iniciam os problemas com a radiação, as pessoas sendo deixadas sem informação, contas no banco sendo bloqueadas para as mulheres, tudo acontecendo sem que  tivesse muito tempo para que tudo pudesse ser assimilado. Como muitas das mulheres se tornaram inférteis, aqueles que assumiram o poder decidiram que a melhor forma de resolver o problema e fazer com que as mulheres se dividissem em afazeres pré-determinados por eles como: ser a esposa, cuidar da casa, ser apenas um corpo para procriar e se você fosse: rebelde, garota de programa, feminista e por ai vai, simplesmente seria considerada uma não-mulher e seria enviada para as colônias onde sabe-se lá o que poderia acontecer, isso se não fosse morta em praça pública e depois pendurada no muro onde ficaria exposta para todos.


Se você ainda não leu esse livro, eu o recomento muito! É de tirar o fôlego e de nos tirar da caixinha em que vivemos, ou de nos identificarmos com determinados personagens vez ou outra, o que também pode ser assustador, em um universo como esse em que lugar estaria e o que iria preferir? 

O ser humano é impressionante e eu admiro muito a capacidade que temos de pensar, de criar e de ser e espero que realmente nunca deixemos de fazer isso. Offred é uma mulher forte, e como todas nós, tem seus sentimentos e desejos, tem seus acertos e seus erros e com seu conto nos faz pensar e valorizar ainda mais o que temos a perder. 

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1 comentários

  1. Estou com esse livro aqui desde a Black Friday. Gosto muito da série (tenho que terminar a terceira temporada!) e preciso ler logo o livro. É uma história muito intrigantes e preocupante também. Tenho certeza que a autora foi fantástica, pois vejo todo mundo elogiando esse livro!

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