Ensaio Sobre a Cegueira | José Saramago

  • 10/30/2019 08:10:00 PM
  • By Pastel Escritor
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Olá, Pastelinos! Tudo bom com vocês? Por aqui tá tudo bem! Hoje eu vim falar sobre o livro Ensaio Sobre A Cegueira, do aclamadíssimo José Saramago, um escritor português vencedor de diversos prêmios, como o Nobel de Literatura e o Prêmio Camões. Ele faleceu em 2010. 
Descobri o Saramago por dois estímulos diferentes, mas simultâneos: O primeiro foi o livro de aniversário de 5 anos da TAG Curadoria, intitulado Autobiografia, que conta a história de um escritor que cruza seu caminho com José Saramago, e como isso modifica toda sua carreira. Óbvio que depois de ler esse livro, minha curiosidade acerca dos escritos desse autor foi às alturas: o personagem Saramago era incrível; os livros dele deviam ser realmente fantásticos. O segundo estímulo foi o clube do livro da minha universidade ter escolhido Ensaio sobre a cegueira para ler. Dito e feito, autor e obra escolhidos, mãos à obra. 
O livro começa com um homem ficando cego enquanto aguarda no sinaleiro. Logo uma grande comoção; pessoas oferecem-se a ajudá-lo e tentam entender como pode alguém, de repente, ficar cego. Com o decorrer da história, rapidamente esse problema, a princípio visual, vai espalhando-se por entre os personagens com quem esse homem tem contato: o homem que o ajudou, o oftalmologista, sua esposa... e por conseguinte, todos os outros que tiveram contato com esses. 
A curiosa informação acerca dessa súbita deficiência visual é que, diferente da cegueira habitual, onde vê-se tudo negro pela não captação da luz, os personagens dessa história enxergam como que um excesso dela: uma cegueira descrita como um mar de leite, uma brancura infindável, nenhuma escuridão. 

Saramago inicia, então, a narrar a vida dos cegos repentinos na quarentena onde são colocados, um hospital psiquiátrico abandonado onde dividem-se entre os cegos já firmados e aqueles que tiveram contato com eles, até a derrocada de sua humanidade. 

Uma das características da escrita desse livro é que o autor não utiliza de nenhum meio para separar as falas, ou pensamentos, da narração. Você lê, e no meio do parágrafo pode se deparar com uma intervenção. Pode parecer confuso, mas logo habitua-se a reconhecer quando é o que.  É intrigante como, mesmo com uma forma diferente, nosso cérebro difere a escrita do narrador da personalidade do personagem, mesmo sendo em terceira pessoa.

Outra particularidade é que os personagens não têm nomes - são identificados sempre com alguma característica, como o Primeiro Cego, ou o Médico, ou a Mulher do Médico. É algo que não estou habituada a ler, então no início estranhei bastante. Isso é curioso porque tira uma parte primária da identificação com o personagem, da afinidade que podemos criar com eles, mas a história se constrói dessa forma propositalmente, para que vejamos como nós, seres humanos, somos na realidade.

Ensaio Sobre a Cegueira é um livro instigante, onde a escrita do autor nos causa um estranhamento cativante, fazendo-nos terminá-lo o mais rápido possível. É uma história muito bem construída, com personagens extremamente reais, fugindo de qualquer ideia de conto de fadas que pudesse existir.




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